O
tema que abordaremos neste escrito diz respeito a habilitação
de CAPITÃO AMADOR, ou seja, a pessoa habilitada a conduzir
embarcações de esporte ou recreio, vela ou motor,
em águas internacionais.
Esta
habilitação é fornecida pela Marinha do Brasil,
às pessoas que prestaram exame nas diversas Capitanias do pais e
foram aprovadas.
Para
nós a Carteira de Capitão, na verdade fazia parte de nosso
planejamento de viagem.
Em
1982, após termos feito nosso “cursinho” no Planetário
da Gávea, no Rio de Janeiro, onde o Mestre era o então
Tenente da Armada, Sérgio Lukine. Prestamos prova na Escola
Naval e fôramos aprovados.
Naquela
época a prova versava integralmente sobre o tema NAVEGAÇÃO
ASTRONÔMICA.
Vivíamos
com o sextante debaixo do braço e em todas oportunidades,
criando um horizonte artificial estávamos tirando as posições
dos astros.
No
inicio de 1983, partíamos para Alagoas, e lá começamos
a ministrar os cursos de Mestre e Capitão Amador. Tivemos
o prazer e porque não dizermos a honra, de termos ensinado
aos quatro primeiros Capitães Amadores do Estado.
Dezenas
de Mestre Amadores também passaram por nosso ensinamentos
e na época ainda éramos tidos como muito teóricos.
Não
fosse este teórico e hoje não estaríamos dando
a volta ao mundo.
O
fato é que ao ministrarmos nossas classes, além de irmos
solidificando nosso conhecimentos, ainda aprendíamos mais,
pois ensinando que mais se aprende.
Hoje
o exame mudou consideravelmente, pelo que soubemos, porém o qual
mais nos impressiona é na verdade o grande numero de candidatos
ao exame.
Isto
quer nos parecer notável, pois aumenta o número daqueles
que vem o mar de outra forma. Não mais o inimigo implacável,
o traiçoeiro, e sim, com uma ótica totalmente diferenciada
daquela da idade media e que até bem poucos anos atrás ainda
era constantemente ouvida.
Isto,
este fato do aumento de Capitães Amadores em nosso pais
nos direciona para nosso caminho evolutivo natural, o mar.
Um
pais com o litoral como o nosso, descoberto pelo que já houve
de mais fantástico em termos de navegadores, que nos legaram
uma experiência extraordinária e que ficou esquecida,
abandonada, sepultada pelo medo e outro terríveis óbices.
Em
décadas passadas e não muito distantes, o navegar
em nossas águas era coisa para milionários. Ainda
hoje alguns assim o afirmam. Todavia o universo da náutica
no Brasil esta em evolução e novas mentes assim já
não pensam mais. A vela do Brasil é campeã
mundial. Enfim os esportes náuticos estão cada vez
e mais na linha de ponta.
Hoje já não é uma fato raro, um veleiro de
bandeira brasileira fazendo sua tournee pelo mundo.
Cá
estamos nós do GUARDIAN, iniciando em breve nosso oitavo ano de
cruzeiro, e servindo de incentivo a tantos outros através
de nossos livros e escritos.
Entretanto
e forçosamente para se partir no vetor desta aventura é
fundamental e obrigatório possuir a habilitação
em referência. O que além de tudo de uma forma ou de outra abre
nossos horizontes.
Quando
fizemos nosso “cursinho” no Planetário, fizemos
também fantásticos amigos, e todos nutriam este sonho
que hora realizamos. Chegamos até na oportunidade dar os
primeiros passos para a criação de uma sociedade,
a ACAMAR, nome da primeira estrela e também da ASSOCIAÇÃO
DOS CAPITÃES AMADORES DO RIO DE JANEIRO.
O fruto daquela época amadureceu, encontrou novos idealistas
e hoje se expande pelo pais. São grupos náuticos na
Internet e fora dela, que vão aumentando o número dos amantes
pela navegação.
Assim,
não temos dúvida alguma em afirmar que em poucos anos estaremos
despontando nos oceanos com centenas de veleiros brasileiros a fazerem
suas viagens. Esta criação do CAPCLUB, por nosso estimado
irmão Eduardo, é a prova cabal do que acima nos referíamos.
O encabulamento e outros correlatos cederam lugar ao sangue de desbravador
e a raça do povo brasileiro.
João
Sombra
Setembro 2003 - Langkawi